quarta-feira, 16 de março de 2011

Por fazer parte da auto-denominada "geração à rasca", não por estar desempregada, mas por estar incluída no grupo de pessoas que "estão a recibos verdes", vejo-me no direito de abordar este assunto.
Já tudo foi dito e escrito e concordo com a maioria das coisas. Mas o que me fez verdadeiramente escrever sobre isto, foi a pergunta nº 32 do questionários dos Censos.
Ora vejamos, se trabalhamos a recibos verdes, mas temos "um local de trabalho fixo dentro de uma empresa, subordinação hierárquica efectiva e um horário de trabalho definido" devemos assinalar a opção "Trabalhador por conta de outrém". Ou então não, de certeza. Efectivamente é essa a situação em que me encontro. Mas se todos os que se incluírem neste caso assinalarem aquela opção, contribuímos para a estatística com a informação de que sim senhor, há muita gente a recibos verdes, mas olha, afinal até estão em situação idêntica aos contratados, ou seja, a situação não é assim tão má como a pintam.
E é esta informação que não podemos deixar passar, porque simplesmente não pode ser esta a conclusão a retirar desta pergunta ridícula. Porque a verdade é que estamos naquela situação, mas não temos garantia nenhuma, nem segurança nenhuma, nem direitos nenhuns. A não ser o direito de nos mandarem embora assim que queiram. A estarmos a recibos verdes, na verdadeira acepção da palavra, era não termos subordinação hierárquica nenhuma, nem horário de trabalho definido. Era sermos, verdadeiramente, trabalhadores independentes.
E isto para não falar da estupidez de dinheiro que vai à vida com os descontos que fazemos.
É uma tremenda injustiça, é o que é. E é triste o facto de nos consolarmos por, apesar de tudo, termos trabalho (não emprego) e estarmos ocupados e ainda recebermos algum. Temos de nos conformar é com isto e pensar que há quem nem trabalho tenha. Realmente, não sei onde é que isto vai parar. Foi de louvar ver que a manifestação do dia 12 foi totalmente pacífica e comportou números nunca esperados. Deviam era fazer-se mais e o povo devia sair à rua mais vezes para se fazer ouvir. O pior é que, infelizmente, nem assim a coisa lá vai.

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