quinta-feira, 21 de março de 2013

Há alturas em que as nossas convicções vão por água abaixo, em que aquilo em que tanto acreditávamos e que defendíamos com unhas e dentes, afinal não é assim tão certo.
Ou por outra, descobrimos que não há certo nem errado, nem tudo é preto ou branco e sim que há muitas tonalidades de cinzento. E que, vai-se a ver, e quase tudo o que acontece na nossa vida se encaixa nessa gama de cores.
Mas será isso necessariamente mau? Será que não é essa incerteza que dá gosto?
Sempre fui uma pessoa de querer ter tudo bem planeadinho, de gostar de saber com o que conto. Se isso pode permitir não ter grandes surpresas e não se ser apanhado desprevenido, por outro lado também impede a espontaneidade. E aos poucos vou começando a perceber que não vale a pena planear tudo, que há coisas que sabem melhor se se disfrutarem calmamente e a seu tempo, sem pressas.
E são essas coisas que não se planeiam, que simplesmente acontecem, que nos fazem perceber que não pensávamos fazer nada daquilo há uns tempos atrás. Mas que agora fazemos, arrependimentos à parte. Afinal de contas, vale mais arrependermo-nos de termos feito algo do que de não termos feito.

quinta-feira, 7 de março de 2013

O que faz com que uma pessoa sinta saudades de algo que nunca aconteceu?
Provavelmente o termo saudade, neste caso, nem é o mais adequado, uma vez que, por definição, a saudade diz respeito precisamente a algo que se viveu.
No entanto, é possível sentir saudades de coisas que nunca foram feitas? Há uns dias disseram-me que sim, que por imaginar que essas coisas seriam boas, já era o suficiente para deixar saudade. Será?
Ou será antes a vontade de que elas aconteçam a falar mais alto? Se calhar é mais isso.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Eu continuo a acreditar fervorosamente que as coisas acontecem por alguma razão.
Até prova em contrário, continuarei a acreditar.
No entanto, há uma coisa que ainda não percebi: qual é a razão??

É que é muito fácil dizer-se que tudo acontece por uma razão, mas depois dizer qual a razão, isso é que já não! Não está correcto uma pessoa andar assim a saber que há uma razão, mas sem saber qual!
Valia mais dizerem que não havia razão nenhuma, aconteceu ao calhas, inexplicavelmente. Ao menos assim não se ficava a pensar no assunto, a remoer vezes sem conta.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A vida é feita de desencontros. É um dado mais do que adquirido.
Os timings, na maioria das vezes, não coincidem, a verdade é essa.
Penso que nada há a fazer quanto a isso, a não ser aguardar pacientemente que chegue o dia em os planetas se alinham e tudo se conjuga de forma perfeita.
Para mim, o difícil, é a fase do "aguardar pacientemente". Por mais que tente ignorar esse lapso temporal ou não fazer dele um cavalo de batalha, a verdade é que ele está sempre à minha frente, quer eu queira quer não. Não há meio de desaparecer.
E depois há que ter em atenção que muitas vezes parece que esse dia chegou, mas passado um tempo, seja curto ou longo, tudo se volta a desequilibrar e os desencontros voltam a existir.
Como saber lidar com isso, com os avanços e recuos da vida?
Se já é tão difícil acalmar o espírito, não querendo tudo de uma vez, e "deixar andar para ver no que dá", mais difícil se torna ter que passar por tudo isso novamente quando nos apercebemos que, afinal, não houve encontro nenhum e tudo não passou de um simples cruzamento na mesma rua.

Ainda um dia hei-de conseguir atingir esse ponto de equilíbrio, quanto mais não seja o ponto de equilíbrio onde consigo conviver pacificamente com a ideia aguardar, simplesmente aguardar.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

"Uma pena presumida
d'escrever grandes sentenças,
falava das suas obras
tão sublimes como extensas:
«Sem mim», disse ela ao tinteiro,
«Pouca figura farias:
Cheio de um licor imundo
Sem mim, triste, que serias?»

O tinteiro injuriado
Vazou logo a tinta fora,
E voltou-se para a pena
Dizendo-lhe: «Escreve agora.»

Assim responde aos ingratos
Muitas vezes a razão:
Muita gente é como a pena,
Como o tinteiro outros são."

in "Marquesa de Alorna"

sábado, 7 de julho de 2012

Da gestão de expectativas



Gerir expectativas não é fácil. O velho dilema de esperar demasiado e as coisas não correrem como esperamos ou esperar o mínimo para não nos desiludirmos.
O optimista, espera sempre o melhor, julgo eu. E, mesmo que bata com a cabeça na parede, logo encontrará forma de se reerguer e de novo tentar ver o lado positivo das coisas.
Já o pessimista, tende a não conseguir ver esse lado positivo. Espera sempre o pior ou, pelo menos, tenta não ter grandes expectativas sequer, para que o balde de água não seja tão frio.
Qual das hipóteses a melhor?
Será que ao fim de tantas cabeçadas/desilusões, o natural não é as expectativas irem diminuindo, seja por uma questão de auto-protecção ou apenas de realismo?
Mas como decidir qual a melhor alternativa?
Ao mesmo tempo não será "triste" termos que andar com as expectativas no mínimo? Não teremos nós o direito de esperar mais? De querer mais?

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Desejo

Que os 28 anos me tragam clareza de espírito, paz, alegria e saúde.
Não peço muito mais.