"Uma pena presumida
d'escrever grandes sentenças,
falava das suas obras
tão sublimes como extensas:
«Sem mim», disse ela ao tinteiro,
«Pouca figura farias:
Cheio de um licor imundo
Sem mim, triste, que serias?»
O tinteiro injuriado
Vazou logo a tinta fora,
E voltou-se para a pena
Dizendo-lhe: «Escreve agora.»
Assim responde aos ingratos
Muitas vezes a razão:
Muita gente é como a pena,
Como o tinteiro outros são."
in "Marquesa de Alorna"